terça-feira, 19 de fevereiro de 2008


Fiquei ali sentado, perdido nas recordações daquele efémero instante... Ah! como é esta chama que arde no meu interior. O seu calor tolda cada um dos membros... Sinto cada célula do meu universo explodir em êxtase...

O dia nascia, e com ele um novo ego renascia na consciência de si próprio... A dor que moldava o meu intimo desfez-se na poeira astral desta fénix...

Renasci de novo para a vida, todos o que me rodeava transbordava de uma vivacidade acrescida. Embarquei ao anoitecer na barcaça da dor, embalado pelo seu cálido murmurar adormeci e acordei com o despertar da aurora deste sentir que me queima o peito e me tolda o sentimento...

Ali fiquei em contemplação olhando a minha imagem reflectida no espelho aquoso, reflectindo o fogo que ardia no céu, espelho do meu coração... Sonhando acordado nesse nevoeiro que se entranhou no meu sentir, que me tornou torpe e cego...

Nada mais existia do que aquele olhar, aqueles lábios doces e frágeis, aquele efémero momento em que o brilho do seu viver que cegou...

O dia passou, nada mais existiu do que aquela saudosa memória... A noite chegou mais uma vez, suave, feita de veludo negro cobrindo o dia, ocultando o brilho do sol, relevando o brilho das pérolas distantes...

Todo o dia passei manietado, tal como uma marioneta, por aquela ideia, toldando o meu juízo qual espírito de algum vinho amadurecido pelo tempo... Ansiava ver aquele rosto, sentir o seu respirar do outro lado do lago... talvez falar-lhe... talvez ela venha... Virá? Existirá? Terei sonhado? Terei Acordado? Ansiava a cada instante por sentir o seu peso na folhagem morta do outro lado, o lânguido valido na outra margem...

Esperava na noite fria, aquecido pelo fogo do seu olhar reflectido no meu sentir.