quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009


Acordei para a penumbra de uma alma nascida na luz e afogada na mais fria das dores.

Na dor de sentir um amor e perde-lo num ápice.. Naqueles breves instantes em que vislumbrei a sua imagem, o seu sentimento de si invadiu a minha alma, dilacerando sem qualquer piedade o meu ego... A minha alma ficou preenchida pelo seu perfume, pelo seu sentido, apenas o seu sentir preencheu o meu existir.

Desconheço que sentimento era este... Mas encheu de alegria, ainda por efémeros instantes, a penumbra dos meus dias... Consigo sentir ainda o seu cálido beijo nos meu lábios, mera recordação de um sonho vivido... Dormiria? Ou estarei agora a sentir o pesadelo da sua ausência? Um instante entre o sonho e a realidade?

Não consigo descortinar, apenas sei que cheguei destroçado pela sua ausência, senti o seu breve toque, o doce do seu perfume que inebriou o meu ser...

Quem seria aquele ser que me toldava o sentir, que me enchi de vida. Quem seria capaz de me completar deste modo, que me tornou cativo apenas pelo toque da sua alma, vislumbrada em infinitos instantes?

Com a dor da sua ausência, despertei para este mundo deserto, olhei para a rua... Longe nascia o dia, despertando da sua penumbra beijando por escassos instantes a sua eterna amada, aflorando os seus lábios com o gentil toque dos seus raios, e logo parte em direcção aos céus, despertando as ruas que jaziam desertar nas trevas do manto de sua amada.

Uma ligeira brisa brinca com uma folha de papel que se eleva nos ares... As ruas continuam desertas, apenas ocupadas pelos fantasmas da noite passada, escondidos a cada esquina esperando o despertar da vida para o assombrar.

Depois de um banho cálido e de mudar de roupa saio porta fora, banhado pela multidão silenciosa que me ensurdece com o seu clamor invisível. Escudados nas suas fortalezas, passam por mim rostos desconhecidos e conhecidos, mas sempre distantes... Procuro aquelas ruas, sem rumo definido, procuro aquele rosto, o seu perfume, o doce murmurar da sua respiração...


Percorro as avenidas, sem saber como, sei que ela as habita, sinto-a em cada passo que dou, mais forte, mais presente, mais definida, como um todo que me abarca, que abarca toda aquela multidão.


Procuro infinitamente, perdido em mim, procurando-a... E apenas encontro o vazio da sua ausência...

Cansado, desisto... Mais uma vez sento-me naquele banco de jardim cansado, junto ao lago. A noite adivinha-se nos últimos raios solares que se esfumam por entre as brumas que se instalam lentamente.

Lenda vem a noite, com o seu manto, silenciado a vida, impondo o ruído do seu silêncio... A lua majestosa, coloca as suas vestes nocturnas, admirando as suas brilhantes jóias no espelho que nasceu a meus pés...

E eu espero... Espero por aquele efémero instante... Sei que por breves instantes as nossas almas tocar-se-ão uma vez mais....

Nenhum comentário: